Liderança no feminino
- Fevereiro 26, 2019
Uma mulher CEO pode ser tão competente como um homem.
O número de mulheres a ocupar cargos administrativos em empresas está em crescimento a nível mundial. No entanto, no que diz respeito a posições de liderança, verifica-se uma estagnação. Portugal não foge à regra. Vamos saber um pouco mais sobre isso.
Há mais mulheres do que homens a sair da Universidade (58%) e a ingressar nas empresas (58%). Mas, ao nível hierárquico, quanto mais escalamos a pirâmide, menor é a sua presença. Apenas 6% dos Conselhos de Administração em Portugal são presididos por mulheres e somente 8% de mulheres entram na composição de Comissões Executivas.
Estes dados são-nos fornecidos pelo estudo “Women Matter: A Way Forward for Portugal”, uma iniciativa conjunta da Associação de Antigos Alunos do INSEAD (Portugal INSEAD Alumni Association) e da consultora McKinsey que visa fomentar o equilíbrio de género no mundo empresarial português. Trata-se de um projeto que tem como objetivo dar a mostrar a realidade sobre o desequilíbrio de género nas chefias das empresas e promover um debate construtivo em torno do problema, reconhecendo, ainda assim, os esforços já reunidos por várias empresas no sentido de inverter a situação atual e consolidar uma cultura de defesa da paridade de género.
Foram analisadas 32 empresas (incluindo 18 empresas do PSI-20) e à volta de mil colaboradores. O estudo concluiu que, apesar dos esforços de Portugal na “promoção da igualdade de género nos quadros da administração das empresas”, há ainda um longo caminho a percorrer “para se aproximar dos países europeus que surgem na liderança”.
A consultora McKinsey também desenvolveu o índice “Leading Together” para que possamos ver mais de perto a representação feminina e masculina no tecido empresarial português. Vamos ver alguns dados.
A Sonae Capital é a empresa com mais mulheres (2) no seu Conselho de Administração, que conta com um total de 7 elementos. Porém, a sua Comissão Executiva é paritária, sendo constituída por uma mulher e um homem.
De seguida, aparecem os CTT, com 4 mulheres num Conselho de Administração composto por 13 administradores, e uma mulher numa Comissão Executiva com 4 elementos. A EDP aparece em 3º lugar, com 6 mulheres no Conselho de Administração (25 no total) e 2 mulheres na Comissão Executiva (9 no total).
No contexto europeu, Portugal apresenta valores acima dos de Espanha e Itália, mas bem mais abaixo dos de França. Os países do Norte da Europa estão mais bem classificados do que os do Sul, o que indica que, no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade, há questões de ordem cultural (família, tradição, etc.) que ainda estão demasiado enraizadas nos países do Sul.
Uma mulher CEO pode ser tão competente como um homem. Todavia, menos de 1% das mulheres em todo o mundo são CEOs. Quem tem a responsabilidade de mudar esta situação?
As empresas deviam estabelecer como prioridade a paridade de género ao nível hierárquico e dificultar o glass celiling. O Estado, através de iniciativas fiscais e de outra sorte, deverá ter o papel de promotor de boas práticas e, sempre que necessário, legislar nesse sentido. Mas, acima de tudo, a sociedade civil deve ter um papel ativo junto dos decisores políticos e do mundo empresarial em prol da implementação de uma cultura mais igualitária nas empresas e de uma sociedade mais justa, mais criativa e mais produtiva.
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